Depois de ter lido “Supergirl - Mulher do Amanhã”, entendi o interesse do diretor James Gunn em adaptar essa obra dos quadrinhos para o cinema. O roteiro de Tom King é de uma beleza sutil e encantadora, trabalha a ideia de como lidar com a perda de entes queridos, vingança e como a violência e a crueldade podem afetar até o mais puro dos seres. Assim, acompanhamos a Supergil e sua mais nova amiga Ruthye, uma garota que conheceu em uma bar de um planeta distante, onde a super-heroína resolveu passar o seu aniversario.

 

Ruthye está em uma jornada de vingança pela morte do seu pai, e Supergirl em busca de sentido para sua vida de heroína. E é nessa premissa que embarcamos em uma viajem galáctica cheia de paisagens interplanetárias, povoadas por seres e criaturas incrivelmente ilustradas pela dupla de brasileiros Bilquis Evely e Matheus Lopes. Bilquis com seus traços que me fizeram lembrar uma mistura de  Alex Raymond com Moebius, e as cores de Mateus, que definem muito bem o roteiro de King.

 

À primeira vista, o que parece ser só mais uma história de super-herói vai tomando contornos filosóficos, abordando questões como racismo, perseverança, vingança, perdas, e até mesmo questionando o quanto de horror uma pessoa por mais magnânima que seja,  pode suportar até surtar.

 

Tom King aborda essas questões de forma quase sempre sutil, através de uma narrativa que é feita sobre os olhares até então inocentes da companheira de aventuras da Supergirl, a garota alienígena Ruthye, que é a narradora da historia. Kara (para quem não sabe, esse é o verdadeiro nome da supergirl), tenta poupar Ruthye dos horrores que encontram em sua jornada, ao mesmo tempo que tenta tirar da sua cabeça o desejo de vingança. Mas, essa viajem acaba sendo transformadora para a própria heroína que se vê cada vez mais afetada pelos acontecimentos que presenciam, dando à historia um desfecho surpreendente.

 

“Supergirl - Mulher do Amanhã” é uma excelente leitura até para aqueles que não costumam acompanhar quadrinhos de super-heróis. O leitor não depende tanto de conhecer as histórias anteriores dos personagens, e tem o seu arco fechado dentro da saga. Sendo assim, uma boa recomendação para aqueles que não têm muita paciência de acompanhar as sagas infinitas dos quadrinhos de super-heróis.