Audax foi uma revista publicada quinzenalmente pela Editora Abril entre os anos de 1977 e 1978, e teve um total de 11 edições, sendo uma versão brasileira da revista Audax publicada na Itália pela Mondadori Editore, no modelo almanaque, compilando diversas histórias em quadrinhos do mercado editorial italiano, os fumetti, como são conhecidos. Com a proposta de ser uma revista de variedades, trazendo matérias diversas, passatempos, horóscopo, curiosidades, etc.

 

Até o sexto número as revistas vinham com 42 páginas, e traziam apenas quadrinhos, com três histórias por edição. A partir do sétimo volume, passou a ter 82 páginas, dobrando assim a quantidade de histórias. Já nas ediçoes de 8 a 11, além das HQs, passou a publicar matérias diversas sobre personalidades do universo musical, cinema, TV e rádio, curiosidades do futebol, relatos sobre avistamentos de OVNIs. Somente no número nove, foi inaugurada a sessão de correspondências, e passou a trazer passatempos, horoscópo e outras curiosidades.

 

As histórias publicadas, variavam entre ação policial, espionagem, drama, terror, western, ficção científica, romance, etc. As seis primeiras edições tiveram uma particularidade, as suas páginas se alternavam entre impressões em preto e branco e coloridas, o que nos permite apreciar a mesma história e seus personangens nesses dois diferentes tipos de impressão. A colorização, apesar das limitações gráficas da época, era de uma qualidade excepcional, criando belíssimas composições visuais, assim como também o trabalho de arte-final nas páginas em preto e branco, muito bem executado, exaltando os volumes e contrastes entre luz e sombra. A partir da sétima edição a revista passou a ser publicada inteiramente em preto e branco, e também houve uma pequena redução no tamanho das edições, retornando ao seu tamanho original no número 11, que infelizmente foi o útimo da coleção. Essa última inclusive, anunciou como próximas atrações para a 12ª edição, além de seis histórias em quadrinhos, matérias sobre o Pelé, Fafá de Belém, horóscopo e passatempos, porém não foi publicada.

 

Apesar de excelentes, as histórias não são creditadas, mas em muitas podemos identificar através dos traços caracteristicos e por algumas assinaturas, grandes mestres da nona arte, como Fernando Fusco, grande desenhista do Tex, que nos apresenta o personagem Lone Wolf, o rei da solidão. Enrique Breccia, na história “Caçadores de índios”, do volume 3 da coleção. Carlos Enrique Vogt (Silvester), desenhista argentino, na história “Dívida de gratidão” no volume 7, com seu personagem Canada Joe. Domingo Mandrafina, grande artista e parceiro do roteirista Carlos Trillo, assina a história policial “Obrigada, Hackman!” também no volume 7.

 

A maioria das histórias são únicas, não havendo continuidade ou cronologia, portanto é possível iniciar a leitura a partir de qualquer uma das edições. Alguns personagens são recorrentes, como o Lone Wolf (Lobo Solitário), personagem de western que teve seis histórias publicadas. Em sua versão italiana é conhecido como “il Re della Solitudine”, o Rei da Solidão, e já na versão brasileira, foi apresentado como Lone Wolf, o Cavaleiro Solitário, tendo seu título modificado entre algumas edições passando a se chamar Audax, O Cavaleiro Solitário, e mais adiante apenas Audax, talvez uma tentativa de torná-lo o personagem principal da revista, lhe atribuindo o mesmo nome do Título. Também com seis histórias publicadas, temos o Comissário Norton, da série italiana “Qui commissario Norton”, cuja tradução seria “Aqui é o comissário Norton” pois as histórias geralmente começam com o personagem principal atendendo ao telefone com essa frase. É uma HQ de ação policial, de uma unidade de crimes especiais, que tem as fisionomias de seus integrantes baseadas em personagens do cinema, como Alain Delon, Kirk Douglas, Sidney Poitier e Spencer Tracy. Personagens criados por Angelo Sacarello e Antonio Toldo. Algumas histórias apesar de publicadas apenas uma vez, aqui na versão brasileira, nos apresenta excelentes pesonangens de séries publicadas na Itália, como o agente da Polícia Montada, Canada Joe, de Carlos Enrique Vogt, e o Agente secreto Billy Bis, de Antonio Mancuso e Loredano Ugolini. Vale destacar também, algumas das histórias únicas, sem personanagens recorrentes, mas que são excelentes, como Caçadores de Índios (vol. 3); Vento, sangue, gardênias (vol. 4); Alice no País das Maravilhas (vol. 5); Brincadeira Macabra (vol. 8) e Robny, o vagabundo (vol. 11). Mas, com certeza, todas valem a leitura.