Resenha por: Carlos Elias 28/12/2020


Resenha por: Carlos Elias
15/10/2025
Bem-vindo ao oriente!
Não há como discutir. Ao longo dos anos, a influência cultural da juventude brasileira tem mudado e talvez, esse seja um fenômeno mundial.
Eu convivo com 3 gerações diferentes de consumidores de HQs e cultura pop, e ao longo desse tempo tenho percebido como as influencias têm se orientalizado. Meu pai que foi uma criança do pós-guerra (década de 1950) foi fortemente influenciado pela cultura de massa estadunidense.
Música, cinema, desenhos animados e quadrinhos que foram despejados no mundo pelos estados Unidos após a 2ª guerra mundial moldaram os gostos e as influências do meu pai. Quadrinhos de super-heróis, personagens da Disney e da Warner e cowboys faziam parte da coleção dele, quando era criança.



Capas das revistas dos anos 50, com uma curiosidade: o personagem PERNALONGA se chamava MINDINHO aqui no Brasil.
Porém em meados da década de 1970 começaram a aparecer no mercado cultural brasileiro algumas tímidas publicações de HQs Japonesas, os famosos mangás. Ao mesmo tempo as séries de TV no estilo Tokusatsu começaram a despontar nos canais brasileiros. NATIONAL KID, ROBÔ GIGANTE, SPECTREMAN e ULTRAMAN foram umas das séries que caíram no gosto da criançada do Brasil.



Imagem dos herois dos Tokusatsus: ROBÔ GIGANTE, SPECTREMAN e ULTRAMAN
Eu que fui uma criança dos anos 1980, acompanhei de perto o crescimento da influência japonesa na cultura pop brasileira, confesso que nuca fui um leitor de mangás, até porque como já falei em outros artigos, minha leitura de quadrinhos dependia da coleção de meu pai e meu tio, que tinham muitos quadrinhos europeus e nacionais, mas fui um ávido telespectador dos Tokusatsus. CHANGEMAN, JASPION, JIRAIYA, KAMEN RIDER BLACK, JIBAN e os desenhos animados (animes) como: ZILLION, PIRATA DO ESPAÇO e VOLTRON disputavam a atenção das crianças com os desenhos norte americanos como HE-MAN e THUNDERCATS.




Os animes: ZILLION e VOLTRON, e os Tokusatsus: KAMEN RIDER BLACK e JIRAIYA.
Já em meados dos anos 1990, os animes marcavam forte presença nas TVs brasileiras e isso se refletiu nas bancas de jornal que foram inundadas por publicações de mangás, a maioria deles com vínculos diretos com as produções televisivas. CAVALEIROS DOS ZODIACO, DRAGON BALL e POKEMON, abriram as portas das editoras para republicarem magás mais antigos como: LOBO SOLITÁRIO e ASTRO BOY, dentre tantos outros.




Capa dos mangás: CAVALEIROS DOS ZODIACO, DRAGON BALL, LOBO SOLITÁRIO e ASTRO BOY
Os anos 2000 foram muito provavelmente a década de ouro dos mangás e animes no Brasil, e isso facilitou a entrada de produções de outros países asiáticos. Essa nova geração começou a consumir produções sul-coreanas, tailandesas, chinesas e Indianas, principalmente no áudio visual.
Tenho 3 filhas, sendo 2 delas adolescentes que consomem praticamente 80% de seu entretenimento de produtos vindos da Ásia, desde a música até a literatura. E esse parece nãos ser uma tendência apenas dos jovens brasileiros, já que até as produções estadunidenses tem sofrido influência das produções orientais, vide o sucesso da animação GUERREIRAS DO K-POP, uma produção norte americana totalmente voltada para a cultura sul-coreana que se tornou um fenômeno de público mundial.



A animção GUERREIRAS DO K-POP e o filme TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO, produções estadunidenses de grande sucesso, com forte influencia asiática, e a animação chinesa NE ZHA 2, fenômeno de bilheteria mundial.
Esse parece ser o começo do fim da hegemonia dos Estados Unidos na cultura mundial e para mim, isso é ótimo, quanto maior a diversidade cultural mais interessante e plural fica o mundo.
Obs.: Não citei no artigo a grande influência que os videogames japoneses tiveram em todas essas mudanças, bem como o advento da internet, porque isso daria um outro artigo, e aqui o foco maior eram os mangás e animes.